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Retorno da diáspora é imperioso e urgente  

      

        1.- Lula da Silva, em final do mandato, é um dos melhores exemplos do político renovador, determinado, cumpridor de um projecto que visava retirar os brasileiros mais pobres da sina de gente explorada, ignorante, sem futuro e sem pão.
O bom desempenho dos seus programas económicos e sociais permitiu intregrar 12 milhões de famílias na classe média e afirmar na cena económica mundial uma nação riquíssima, mas intregrada no terceiro-mundo. Hoje, o Brasil é uma forte economia emergente, com crescimentos económicos assinaláveis, apesar da crise financeira que continua a afectar os países ocidentais, perfilados ainda nos códigos da economia neo-liberal.
Lula é autor de um milagre económico forjado no pragmatismo de um metalúrgico sobre quem pesavam grandes dúvidas sobre a sua falta de qualificações académicas. Lula venceu e convenceu o mundo com a sua diplomacia de aceitação das diferenças e integração dos povos na cena internacional, sobretudo os “proscritos” por diferenças de credos e culturas.
Como em todos os países pobres, muitos brasileiros também partiram em busca de novos céus e de novas terras nos Estados Unidos, na América do Sul, na Europa e no Japão. Portugal foi destino para cerca de 600 mil dos quase 3 milhões que deixaram a terra do samba.
O Presidente, todavia convidou a diáspora brasileira a regressar, após cerca de vinte anos de bem e mal sucedidas partidas para situações onde a clandestinidade pesou, certamente, mais que o trabalho duro e muitas vezes mal pago.
        2.- A história da Emigração açoriana revê-se, na perfeição, nos episódios e situações que ainda hoje acontecem com milhares de africanos e sul-americanos famintos que debandam dos seus países à procura da terra de promissão.
Para o sul do Brasil foram os casais em grupos minimamente organizados e apoiados pela corôa. Do que padeceram nas viagens, a história não relata, mas os que sobreviveram, juntaram forças e largaram-se, terra dentro, numa missão de soberania que só muito mais tarde foi relevada.
Depois foi a emigração de salto, nas baleeiras americanas. Naturalizados, os açorianos da América de Baixo (Califórnia) e do Leste, chamaram para junto de si famílias inteiras, porque as águias de ouro e o dólar davam mais felicidade que os poucos escudos que alimentavam misérias.
Valeu-nos também, muito mais tarde, o Vulcão dos Capelinhos que abriu, de novo, as portas da América. Juntamente com a emigração para o Canadá, o arquipélago ficou exangue, e definha-se a olhos vistos, de nada valendo dizer que “somos a região com a população mais jovem do país”.
        3.- Chegou a hora de tocar a reunir, de apelar ao regresso da diáspora açoriana às terras de origem, para iniciarmos uma nova era de maior progresso e desenvolvimento nestas ilhas – de todas elas!
Ao passarem largos anos em países mais evoluídos, milhares de açorianos tentaram a sua sorte criando negócios em todos os sectores de actividade: das pescas à agro-pecuária, do comércio aos serviços, da gestão empresarial à banca, nas áreas da ciência, do ensino, das letras e do saber em geral. Os que partiram nos anos 60 e 70 têm forças, capacidades, lucidez, experiência e capital para enfrentarem desafios e investirem em novos projectos consentâneos com a nossa dimensão geográfica, económica e social. Alguns já o fizeram, com bons resultados.
Precisamos, urgentemente, que eles partilhem conosco mais e melhores saberes e experiências, o seu “know-how, as suas poupanças, para que a terra que todos muito amamos, evolua e dê condições a todos quantos queiram aqui viver.
Apelar ao regresso dos açorianos da diáspora, estejam eles no continente português ou no estrangeiro, é um imperioso e urgente. Compete  aos responsáveis pelos destinos desta terra incentivá-los e criar condições propícias a um regresso a casa. Sem complexos nem desconfianças dos que cá vivem, pois todos somos precisos para estancar a galopante desertificação de quase todas as ilhas.
A diáspora açoriana deve voltar, quanto antes. No dealbar de uma nova economia, os Açores têm de contar com o contributo de todos, também dos que um dia partiram, sem condições para ficar.
Com os regressados, os Açores terão mais gente, crescerão mais depressa e as ilhas fixarão mais facilmente os seus jovens, envolvendo-os em novos e mobilizadores projectos de desenvolvimento do arquipélago.

 

 

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